Saturday, March 31, 2007

" Menina dos Olhos Tristes" - proposta de Antonio Verissimo




Como faço questão de dar o meu contributo neste "cantinho de gente simpática" e me falta a inspiração para fazer algo apresentável, terei de recorrer a poemas conhecidos, que me agradam e espero que vos agrade.

É um poema de Reinaldo Ferreira - filho do famoso Reporter X, jornalista do mesmo nome - um letrado de boas famílias, nascido em Barcelona (1922) e que com apenas 19 anos escolhe Moçambique para viver. Faleceu com 37 anos apenas, vítima de cancro no pulmão, na cidade de que tanto gostava: Lourenço Marques.

Considero a "Menina dos Olhos Tristes" um poema muito belo pela simplicidade e pelo seu significado.
Muitos outros também assim o consideraram, musicando-o e transformando-o numa linda e melódica canção que espero conheçam.

MENINA DOS OLHOS TRISTES

Menina dos olhos tristes,
O que tanto a faz chorar?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.

Senhora de olhos cansados,
Porque a fatiga o tear?
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.

Vamos, senhor pensativo,
Olhe o cachimbo a apagar.
- O soldadinho ão volta
Do outro lado do mar.

Anda bem triste um amigo,
Uma carta o fez chorar.
- O soldadinho não volta
Do outro lado do mar.

A Lua, que é viajante,
É que nos pode informar.
- O soldadinho já volta
Do outro lado do mar.

O soldadinho já volta,
Está quase mesmo a chegar.
Vem numa caixa de pinho.
Desta vez o soldadinho
Nunca mais se faz ao mar.

Não quero terminar sem deixar um abraço amigo e votos de boa e rápida recuperação do maldito Dengue.
Já agora fiquem com mais umas breves linhas de Reinaldo Ferreira e observam como ele era simples.

Mínimo sou,
Mas quando ao Nada empresto
A minha elementar realidade
O Nada é só o Resto.

REINALDO FERREIRA

PUDIM 9 DE ABRIL de Mau Dick




500G DE FRUTA DA EPOCA (HORTA/LASAMA/CARRASCALAO/XAVIER/LOBATO/TILMAN/LU-OLO/COELHO)
125G DE BOM SENSO
UMA SAQUETA DE PACIENCIA
0.5L DE ENERGIA
DUAS COLHERES DE SOPA DE SORRISOS
50G DE HUMOR

COZEM-SE AS FRUTAS COM BOM SENSO E,COM MUITA PACIENCIA E REDUZEM-SE A PURE.DISSOLVE-SE OS SORRISOS COM MUITO ENERGIA.QUANDO CHEGAR AO PONTO DE EBULICAO ABRABDA-SE O LUME,MEXE-SE BEM.
NUM TIMOR UNTADO, VAI-SE COLOCANDO CAMADAS ALTERNADAS DE CREME E FRUTA.COBRE-SE COM MUITO HUMOR E LEVA-SE AO FRIGORIFICO PARA NAO SE LEVANTAR A TENSAO.
O RESULTADO E CONHECIDO NA SEMANA SEGUINTE.

UM ABRACO

MAU DICK

Tuesday, March 27, 2007

" Vamos cantar a Paz" de Mau Dick




VAMOS TODOS CANTAR A PAZ

POIS UNIDOS O CANTO REINFORCA

ESTA NECESSIDADE DO MOMENTO

DE QUE A UNIAO FAZ A FORCA



CANTEMOS EM VOZ BEM ALTA

PARA QUE NOS OUCAM NO PARAISO

CANTEMOS DE CORPO ERGUIDO

CABECA LEVANTADA E GRANDE SORRISO



CANTEMOS A PAZ HOJE E AMANHA

PARA SEMANA, PR'O MES E, SEMPRE

CANTEMOS COM VOZ GROSSA OU FINA

CANTEMOS O QUE A NOSSA ALMA SENTE



E QUANDO ESTIVERMOS CANSADOS

CANTEMOS AINDA MAIS ALTO

PARA QUE NINGUEM TENHA DUVIDAS

NA PLANICE OU NO PLANALTO



QUANDO FICARMOS ROUCOS

PEDIMOS EMPRESTADO NOVA VOZ

PARA MOSTRARMOS A TODO O MUNDO

QUE EM TIMOR NAO ESTAMOS SOS



VAMOS TODOS CANTAR A PAZ

COM TODA AQUELA GARRA E APRUMO

PARA QUE O NOSSO QUERIDO PAIS

INICIE HOJE UM NOVO RUMO



UM ABRACO


MAU DICK

(ESTE POEMA DEDICO AO PADRE APOLINARIO E MANO AKAI, COMPANHEIROS DE SOFRIMENTO NO SEMINARIO DE LALIAN EM 1975/76)

Sunday, March 25, 2007

"Liberdade que quer fugir" de Robiana Florencio


Meu amigo

Meu irmão !

Dá-me as tua mão!

Nele deposito esta pedra!

sinal de LIBERDADE!

Liberdade que quer fugir,

De Timor-Leste, terra martirizada!

D.Belo diz

seus filhos

 em guerra sonha!

Violencia sua cultura !

Timor, Meu irmão!

Meu amigo!

Dá-me a tua mão!

Diz ...violencia não!

Segura paz

contigo!

Diz , violencia ...

Não.

Toma esta pedra"

aperta no coração...

Timor meu irmão!

Segura a liberdade!

Não deixa fugir, Não!



Robiana Florencio
2/12/2006

Friday, March 23, 2007

Pedra Filisofal - António Gedeão




Dentro do possivel tenho estado a colocar no "Timor do Norte a Sul" poemas de mestres da poesia do mundo dos CPLPs( uns mais conhecidos do que outros mas nem por isso menos importantes nem menos poetas...) . Os poemas escolhidos ( não só por mim , mas o António Verissimo tem feito o mesmo) acho que são os que de certa maneira mais marcam ao longo das nossa vidas. Este poema de António Gedeão é algo que toca aqui no fundo coração tão fortemente .... Mas é uma dor de satisfação! De prazer de ler algo tão profundo, de uma supremacia tal que quase parece ser irreal !... Espero bem que gostem . Amigos leitores mandem também poemas ie histeorios dos dos vossos poetas preferidos. Partilhemos os nossos gostos aqui nesta página !!!!!


Pedra filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão


Biografia



Filho de um funcionário dos correios e telégrafos e de uma dona de casa, Rómulo Vasco da Gama de Carvalho nasceu a 24 de Novembro de 1906 na lisboeta freguesia da Sé. Aí cresceu, juntamente com as irmãs, numa casa modesta da rua do Arco do Limoeiro (hoje rua Augusto Rosa), no seio de um ambiente familiar tranquilo, profundamente marcado pela figura materna, cuja influência foi decisiva para a sua vida.

Na verdade, a sua mãe, apesar de contar somente com a instrução primária, tinha como grande paixão a literatura, sentimento que transmitiu ao filho Rómulo, assim baptizado em honra do protagonista de um drama lido num folhetim de jornal. Responsável por uma certa atmosfera literária que se vivia em sua casa, é ela que, através dos livros comprados em fascículos, vendidos semanalmente pelas casas, ou, mais tarde, requisitados nas livrarias Portugália ou Morais, inicia o filho na arte das palavras. Desta forma Rómulo toma contacto com os mestres - Camões, Eça, Camilo e Cesário Verde, o preferido - e conhece As Mil e Uma Noites, obra que viria a considerar uma da suas bíblias.

Criança precoce, aos 5 anos escreve os primeiros poemas e aos 10 decide completar "Os Lusíadas" de Camões. No entanto, a par desta inclinação flagrante para as letras, quando, ao entrar para o liceu Gil Vicente, toma pela primeira vez contacto com as ciências, desperta nele um novo interesse, que se vai intensificando com o passar dos anos e se torna predominante no seu último ano de liceu.

Este factor será decisivo para a escolha do caminho a tomar no ano seguinte, aquando da entrada na Universidade, pois, embora a literatura o tenha acompanhado durante toda a sua vida, não se mostrava a melhor escolha para quem, além de procurar estabilidade, era extremamente pragmático e se sentia atraído pelas ciências justamente pelo seu lado experimental. Desta forma, a escolha da área das ciências, apesar de não ter sido fácil, dá-se.

E assim, enquanto Rómulo de Carvalho estuda Ciências Fisico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, as palavras ficam guardadas para quando, mais tarde, surgir alguém que dará pelo nome de António Gedeão.

Em 1932, um ano depois de se ter licenciado, forma-se em ciências pedagógicas na faculdade de letras da cidade invicta, prenunciando assim qual será a sua actividade principal daí para a frente e durante 40 anos - professor e pedagogo.

Começando por estagiar no liceu Pedro Nunes e ensinar durante 14 anos no liceu Camões, Rómulo de Carvalho é, depois, convidado a ir leccionar para o liceu D. João III, em Coimbra, permanecendo aí até, passados oito anos, regressar a Lisboa, convidado para professor metodólogo do grupo de Físico-Químicas do liceu Pedro Nunes.

Exigente, comunicador por excelência, para Rómulo de Carvalho ensinar era uma paixão. Tal como afirmava sem hesitar, ser Professor tem de ser uma paixão - pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação. E assim, além da colaboração como co-director da "Gazeta de Física" a partir de 1946, concentra, durante muitos anos, os seus esforços no ensino, dedicando-se, inclusivé, à elaboração de compêndios escolares, inovadores pelo grafismo e forma de abordar matérias tão complexas como a física e a química. Dedicação estendida, a partir de 1952, à difusão científica a um nível mais amplo através da colecção Ciência Para Gente Nova e muitos outros títulos, entre os quais Física para o Povo, cujas edições acompanham os leigos interessados pela ciência até meados da década de 1970. A divulgação científica surge como puro prazer - agrada-lhe comunicar, por escrito e com um carácter mais amplo, aquilo que, enquanto professor, comunicava pela palavra.

A dedicação à ciência e à sua divulgação e história não fica por aqui, sendo uma constante durante toda a sua a vida. De facto, Rómulo de Carvalho não parou de trabalhar até ao fim dos seus dias, deixando, inclusive trabalhos concluídos, mas por publicar, que por certo vêm engrandecer, ainda mais, a sua extensa obra científica.

Apesar da intensa actividade científica, Rómulo de Carvalho não esquece a arte das palavras e continua, sempre, a escrever poesia. Porém, não a considerando de qualidade e pensando que nunca será útil a ninguém, nunca tenta publicá-la, preferindo destruí-la.

Só em 1956, após ter participado num concurso de poesia de que tomou conhecimento no jornal, publica, aos 50 anos, o primeiro livro de poemas Movimento Perpétuo. No entanto, o livro surge como tendo sido escrito por outro, António Gedeão, e o professor de física e química, Rómulo de Carvalho, permanece no anonimato a que se votou.

O livro é bem recebido pela crítica e António Gedeão continua a publicar poesia, aventurando-se, anos mais tarde, no teatro e,depois, no ensaio e na ficção.

A obra de Gedeão é um enigma para os críticos, pois além de surgir, estranhamente, só quando o seu autor tem 50 anos de idade, não se enquadra claramente em qualquer movimento literário. Contudo o seu enquadramento geracional leva-o a preocupar-se com os problemas comuns da sociedade portuguesa, da época.

Nos seus poemas dá-se uma simbiose perfeita entre a ciência e a poesia, a vida e o sonho, a lucidez e a esperança. Aí reside a sua originalidade, difícil de catalogar, originada por uma vida em que sempre coexistiram dois interesses totalmente distintos, mas que, para Rómulo de Carvalho e para o seu "amigo" Gedeão, provinham da mesma fonte e completavam-se mutuamente.

A poesia de Gedeão é, realmente, comunicativa e marca toda uma geração que, reprimida por um regime ditatorial e atormentada por uma guerra, cujo fim não se adivinhava, se sentia profundamente tocada pelos valores expressos pelo poeta e assim se atrevia a acreditar que, através do sonho, era possível encontrar o caminho para a liberdade. É deste modo que "Pedra Filosofal", musicada por Manuel Freire, se torna num hino à liberdade e ao sonho.E, mais tarde, em 1972, José Nisa compõe doze músicas com base em poemas de Gedeão e produz o álbum "Fala do Homem Nascido".

O professor Rómulo de Carvalho, entretanto,após 40 anos de ensino,em 1974, motivado em parte pela desorganização e falta de autoridade que depois do 25 de Abril tomou conta do ensino em Portugal decide reformar-se. Exigente e rigoroso, não se conforma com a situação. Nessa altura é convidado para leccionar na Universidade mas declina o convite.

Incapaz de ficar parado, nos anos seguintes dedica-se por inteiro à investigação publicando numerosos livros, tanto de divulgação científica, como de história da ciência. Gedeão também continua a sonhar, mas o fim aproxima-se e o desejo da morrer determina, em 1984, a publicação de Poemas Póstumos.

Em 1990, já com 83 anos, Rómulo de Carvalho assume a direcção do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, sete anos depois de se ter tornado sócio correspondente da Academia de Ciências, função que desempenhará até ao fim dos seus dias.

Quando completa 90 anos de idade, a sua vida é alvo de uma homenagem a nível nacional. O professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, é reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música.

Infelizmente, a 19 de Fevereiro de 1997 a morte leva-nos Rómulo de Carvalho. Gedeão, esse já tinha morrido alguns anos antes, aquando da publicação de Poemas Póstumos e Novos Poemas Póstumos.

Avesso a mostrar-se, recolhido, discreto, muito calmo, mas ao mesmo tempo algo distante, homem de saberes múltiplos e de humor subtil, Rómulo de Carvalho que nunca teve pressa, mas em vida tanto fez, deixa, em morte, uma saudade imensa da parte de todos quantos o conheceram e à sua obra

Thursday, March 22, 2007

"Para todos em Timor" de Mau Dick


Neste dia de poesia
E em jeito auxiliador
Vou tentar uns versinhos
Para todos em Timor

Vem ai as Presidenciais
Comeca amanha a algazarra
Espero que ganhe o melhor
De uma lista tao bizarra

Nao apanhei malaria
Nem tao pouco dengue mortal
Estive simplesmente ausente
Carregando baterias no arsenal

A 9 de Abril esteja presente
Vote no seu candidato
Timor precisa de todos
E tambem deste Ze Pato




Mau Dick

SENTIMENTOS MAIÚSCULOS de JOÃO SOARES


Esta é uma intervenção do António Viríssimo:

O menino de Timor é bonito, sentido, mas fez-me lembrar um amigo de Timor que há muitos anos me ofereceu um poema (inha) que contava algo da sua existência.
Esse amigo já não está entre nós (era de Alas) mas conservo esta coisa simples dele que, neste dia, que é de poesia (sabiam?), considero dever atrever-me a tornar público.
O João não deu título "aquela coisa", mas eu atrevi-me a dar...
Aqui vai.


SENTIMENTOS MAIÚSCULOS


EU HOJE SÓ QUERO SER EU
EXPERIMENTAR SER FELIZ
COMO O AVÔ DIZ E ACONSELHA
QUERO ESTAR LONGE DA VELHA
QUE ESTÁ CHATA
QUE AMO E ME PARIU NA MATA
PRIMEIROS OLHOS QUE VI
PRIMEIRO ABRAÇO TAMBEM
FOI ESPECIAL E POUCO A CONHECI
É MINHA MÃE



JOÃO SOARES (Alas 1969)

Wednesday, March 21, 2007

"Menino de Timor" de Padre Jorge Barros Duarte





Menino de Timor

Menino de Timor, estás triste?!...
Porquê?!... - Não tenho com quem brincar!
Nem com quem!... Já nem posso falar!...
A minha terra correste e viste

Como só há silêncio e tristeza!...
Assim é na palhota que habito!...
Já nem oiço na várzea um só grito!...
Só vejo gente que chora e reza!...

Que saudade que eu tenho dos jogos
Da minha aldeia agora deserta!...
O "La'o-rai", que a memória esperta,
Co'as pocinhas na terra, ora a fogos

Mil sujeita!... O "caleic" também era
jogo apreciado da pequenada:
"Hana-caleic"!... de tudo já nada
Resta agora!... Só vejo essa fera

De garra adunca e dente aguçado
A rugir tão feroz que ninguém
A doma já, pois tem medo não tem
De um povo à fome, sem horta ou gado!...

Menino, sou, mas sofro já tanto
Como se fora de muita idade
E co'a alma cheia só de maldade!...
Jesus, tem pena deste meu pranto!...

Jesus Menino, dá-me alegria!...
Se na minha terra é tudo tão triste!...
Gente tão má neste mundo existe?!...
Coisas assim tão ruins?!... Não sabia!...


Para os que o conhecem, recordemos o nosso Padre Jorge de Barrros Duarte. Para aqueles que náo sabem de quem se trata , pois creio que aqui fica a sua apresentação.... ainda que incompleta ..... Figura bem carismática de Timor-Leste é autor deste poema: Menino de Timor!...É um nome que deve sempre constar dos nomes de destaqe da poesia de Timor ou melhor dizendo de Linuga Portuguesa. Ele sentiu Timor com sensibilidade tal, que o mesmo deve ser notada.. Padre Jorge Barros Duarte , é natural de Manaturo, e creio que veio a falecer em Portugal nos anos 60s. Era mais conhecido em Timor como apenas " Padre Jorge de Motael". Foi pároco da igreja de Motael em Dili. É autor de varios ensaios sobre Timor-Leste, e fez várias recolhas sobre as lendas e mitos que sempre acompanharam o povo titmorense um povo or demasi supersticioso onde cada pedra e cada árvore tem uma história mística a ser contada!
Pois encontrei este poema do Padre orge de Motael que connvosco quero partilhar... e digam-me lá se o que ele diz não é tão actual como quando o escreveu... Talvez nos anos 50s... De momento pouco tenho sobre o Padre Jorge, mas prometo que num futuro próximo mais poderei oferecer-vos nesta página.

Uma abraço

Maracujá

Tuesday, March 20, 2007

O Poema do Silêncio de José Régio


Poema do silêncio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.


Escritor português, natural de Vila do Conde, onde viveu até completar o quinto ano do liceu, após o que continuou a estudar no Porto. José Régio, pseudónimo de José Maria dos Reis Pereira, publicou, em Vila do Conde, nos jornais O Democrático e República, os seus primeiros versos. Aos 18 anos, foi para Coimbra, onde se licenciou em Filologia Românica (1925), com a tese «As Correntes e As Individualidades na Moderna Poesia Portuguesa». Esta foi pouco apreciada, sobretudo pela valorização que nela fazia de dois poetas então quase desconhecidos, Mário de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. Esta tese, refundida, veio a ser publicada com o título Pequena História da Moderna Poesia Portuguesa (1941).
Com Branquinho da Fonseca e João Gaspar Simões fundou, em 1927, a revista Presença (cujo primeiro número saiu a 10 de Março, vindo a publicar-se, embora sem regularidade, durante treze anos), que marcou o segundo modernismo português e de que Régio foi o principal impulsionador e ideólogo. Para além da sua colaboração assídua nesta revista, deixou também textos dispersos por publicações como a Seara Nova, Ler, O Comércio do Porto e o Diário de Notícias. No mesmo ano iniciou a sua vida profissional como professor de liceu, primeiro no Porto (apenas alguns meses) e, a partir de 1928, em Portalegre, onde permaneceu mais de trinta anos. Só em 1967 regressou a Vila do Conde, onde morreu dois anos mais tarde.
Participou activamente na vida pública, fazendo parte da comissão concelhia de Vila do Conde do Movimento de Unidade Democrática (MUD), apoiando o general Nórton de Matos na sua candidatura à Presidência da República e, mais tarde, a candidatura do general Humberto Delgado. Integrou ainda a Comissão Eleitoral de Unidade Democrática (CEUD), nas eleições de 1969.
Como escritor, José Régio dedicou-se ao romance, ao teatro, à poesia e ao ensaio. Centrais, na sua obra, são as problemáticas do conflito entre Deus e o Homem, o indivíduo e a sociedade, numa análise crítica das relações humanas e da solidão, do dilaceramento interior perante a relação entre o espírito e a carne e a ânsia humana do absoluto. Levando a cabo uma auto-análise e uma introspecção constantes, a sua obra é fortemente marcada pelo tom psicologista e, simultaneamente, por um misticismo inquieto que se revela em motivos como o angelismo ou a redenção no sofrimento. A sua poesia, de grande tensão lírica e dramática, apresenta-se frequentemente como uma espécie de diálogo entre níveis diferentes da consciência. A mesma intensidade psicológica, aliada a um sentido de crítica social, tem lugar na ficção. Como ensaísta, dedicou-se ao estudo de autores como Camões, Raul Brandão e Florbela Espanca. Na revista Presença, assinou um editorial («Literatura Viva») que constituiu uma espécie de manifesto dos autores ligados a este órgão do segundo modernismo português, defendendo a necessidade de uma arte viva, e não livresca, que reflectisse a profundidade e a originalidade virgens dos seus autores.

Estreou-se, em 1926, com o volume de poesia Poemas de Deus e do Diabo, a que se seguiram Biografia (1929, poesia), Jogo da Cabra-Cega (1934, primeiro romance), As Encruzilhadas de Deus (1936, livro de poesia e tido como a sua obra-prima), Primeiro Volume de Teatro: Jacob e o Anjo e Três Máscaras (1940), Davam Grandes Passeios aos Domingos (novela publicada em 1941 e incluída, em 1946, em Histórias de Mulheres), Fado (1941, livro de poesia com desenhos do irmão Júlio, principal ilustrador da sua obra), O Príncipe Com Orelhas de Burro (1942, romance), A Velha Casa (obra inacabada, mas de que chegaram a sair os volumes Uma Gota de Sangue, em 1945, As Raízes do Futuro, em 1947, Os Avisos do Destino, em 1953, As Monstruosidades Vulgares, em 1960, e As Vidas São Vidas, em 1966), Mas Deus É Grande, (1945, poesia), Benilde ou a Virgem-Mãe (1947, peça de teatro adaptada ao cinema, em 1974, por Manuel de Oliveira), El-Rei Sebastião (1949, «poema espectacular em 3 actos»), A Salvação do Mundo (1954, tragicomédia em três actos), A Chaga do Lado (1954, sátiras e epigramas), Três Peças em Um Acto: Três Máscaras, O Meu Caso e Mário ou Eu Próprio-O Outro (1957), O Filho do Homem (1961), Há Mais Mundos (1962, livro de contos, pelo qual recebeu o Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores), Cântico Suspenso (1968, poesia) e, a título póstumo, Música Ligeira (1970, poesia), Colheita da Tarde (1971, poesia) e Confissão Dum Homem Religioso (1971, obra de reflexão). Na sua obra ensaística, destacam-se ainda os Três Ensaios Sobre Arte (1967), que reúnem textos publicados anteriormente, e Páginas de Doutrina e Crítica da Presença, recolha feita por Alberto Serpa, relativamente à colaboração de Régio na Presença (1977).
Partilhou ainda, com o irmão Júlio, o gosto pelas artes plásticas, tendo chegado a desenhar uma capa para a Presença e feito os oito desenhos que, a partir da 5ª edição, ilustram os Poemas de Deus e do Diabo.
É considerado, por alguns, como um dos vultos mais significativos da moderna literatura portuguesa. Recebeu, em 1961, o prémio Diário de Notícias e, postumamente, em 1970, o Prémio Nacional de Poesia, pelo conjunto da sua obra poética. As suas casas de Vila do Conde e de Portalegre são hoje museus

Sunday, March 18, 2007

Moonlight Dancing - "Tebe numa noite de luar" de MGabriela Carrascalão

Tomei a liberdade de aqui publicar esta fotografia de um dos muitos trabalhos da aclamada Jornalista, Pintora e Poetisa Luso/Timorense, MGabriela Carrascalão.

Moonlight Dancing é um sonho!




Eu vi este quadro numa das exposições aqui em Timor-Leste e devo dizer que este e outros trabalhos da autora devem ser registados como património do Estado.

Eu aqui convido a MGabriela Carrascalão a enviar também os seus poemas para o "Timor do Norte A Sul".

Eu entendo o porquê do seu silêncio, mas devo dizer que uma artista e jornalista tão aclamada como a nossa MGabriela Carrascalão deveria ser acarinhada, porque essas são as pessoas que marcam presença em salões de arte e jornalismo internaciona com o rótulo " She is from East Timor " ou é "Timorense" ou ainda " Luso Timorense" .

Li no Timor ONLiNE que ela ganhou um premio da " Knight Internatioanl Journalism Fellowship" julgo que traduzido para o português é " Cavaleiro da ordem dos Jornalistas internacionais", n˜åo sei o que isso é mas acho que como timorense devo divulgar.

Entretanto aqui convido publicamente, a MGabriela Carrascalão para nos enviar os seus poemas e outros trabalhos para sua publicação neste site.


Parabéns

Maracujá Maduro

NADA É IMPOSSIVEL DE MUDAR de Bertold Brecht

Este poema é uma proposta do nosso amigo António Viríssimo










NADA É IMPOSSIVEL DE MUDAR

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada,
de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural,
nada deve parecer impossível de mudar.

Bertold Brecht

Thursday, March 15, 2007

" Zeca Afonso" A proposta é do António Virissimo .....

MORREU O ZECA! VIVA O ZECA!

Em 23 de Fevereiro de 1987, faz agora 20 anos, em pleno inverno, no Outono da vida, morreu Zeca Afonso.
Sem pé-de-meia, sem fundo de maneio, sem saco azul, sem subsídios, sem ajudas de custo, sem reforma.
Morreu como sempre viveu, pobre, à 3ª badalada da madrugada de 23 de Fevereiro.
Num leito anónimo do hospital de Setúbal, acontecia o triste epílogo duma morte anos antes anunciada: morria o poeta, morria o cantor, morria o amigo, morria o companheiro, morria o Zeca.
Nascido em 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, menino de ouro de uma família conservadora, tendo sido o pai nomeado Procurador da República em Angola, depois em Moçambique e finalmente em Timor.

Angola e Moçambique ainda o Zeca conheceu na sua infância, mas a Timor nunca foi. Lá por isso, ninguém duvide que faria canções no auge da opressão indonésia, como tantos outros, dedicando a sua arte ao heróico povo que continua a sofrer.

CANÇÃO DA PACIÊNCIA

Muitos sóis e luas irão nascer
Mais ondas na praia rebentar
Já não tem sentido ter ou não ter
Vivo com o meu ódio a mendigar

Tenho muitos anos para sofrer
Mais do que uma vida para andar
Bebo o fel amargo até morrer
Já não tenho pena sei esperar

A cobiça é fraca melhor dizer
A vida não presta para sonhar
Minha luz dos olhos que eu vi nascer
Num dia tão breve a clarear

As águas do rio são de correr
Cada vez mais perto sem parar
Sou como o morcego vejo sem ver
Sou como o sossego sei esperar

José Afonso

Tuesday, March 13, 2007

Regresso !



Com vontade de viver,

Estou de volta sim estou!

Como? Não sei!

meio mundo assustei!



Sem quinino nem injecção,

A febre dos 40 passou!

Só agua e dedicação

Dr Sergio Lobo me salvou!



Eu na cama delirando

Meus amigos me procuraram

A todos iam chamando!

Até mensagens mandaram



Houve dia que não acordei

no outro mundo estava

Com febre dos 40 aos 42

Não sei como me safei!



Maracujá

OLÁÁÁÁ! António Veríssimo



OLÁÁÁÁ!

Maracujá ressuscitou
Todos ficámos ufanos
Três semanas se ausentou
Mas para nós pareceram anos

Agora tem de arribar
Não pode ficar dengoso
Muito bem se alimentar
Não ser Maracujá Guloso

Bem-vindo virtual amigo
Muita falta nos fez
Com muita alegria digo
Vamos aos poemas outra vez!

Abraço barak

BOAS MELHORAS MARACUJA de Mau Dick





MARACUJA COM SURTO DE MALARIA
NAO E MUITO BOM CONCERTEZA
TENS QUE BEBER AGUA ENGARRAFADA
POE A FUNCIONAR A TUA ESPERTEZA

A NOITE USA O MOSQUITEIRO
E DA NO FLIT UMAS BOMBADAS
TOMA RESOQUINA OU COMOQUINA
E ARRUMA-LHE UMAS TUACADAS

TAMBEM PODES USAR O PIVETE
QUE ATE E DESODORIZANTE
MATA-ME ESSES RAIOS DE MOSQUITOS
FAZ UMA COMEDIA HILARIANTE

NAO DURMAS COM O RABO DESTAPADO
POIS OS MOSQUITOS RIPANPOON
TENTA USAR UM PIJAMINHA
COM O LOGO DO TIMOR CARTOON

SE A FEBRE AINDA CONTINUAR
E NAO HOUVER OUTRA MANEIRA
VISITA O MEDICO CUBANO
QUE ELE TE METE NA GELADEIRA




MAU DICK

"MARACUJA MURCHOU" de Ze Cinico


Pensava que Maracuja murchou
mas muito enganado estava
por duas semanas hibernou
e nenhuma noticia nos dava

Foi o malandro do mosquito
que lhe deu uma picadela
resultado: ficou sem apito
e com muitas dores na canela

Depois de febres e arrepios
ja comecou agora a florear
Anda Maracuja, melhoras a fios
sao os votos da malta a esperar

Ze Cinico

Estou de volta!!!




Meus caros amigos obrigado pelas vossas mensagens.

Antonio Virissimo, obrigado pelos seu email, fez-me sentir bem!

Mau Dick para si também um grande obrigado pelo seu humor.

Igualmente para o Zé Cínico...tem razão o Maracujá murchou....mas cá está de volta....devagar, mas está...

Também li alguns comentários desagradáveis, mas.... mal de nós se ligarmos a esses mal-formados! Não distinguem a realidade humana com a prodidão da política em que andam metidos!...

Safei-me da boa! E se não tivesse um médico chamado Dr Sérgio Lobo, teria ido desta para a melhor! Estaria a fazer tijolos como diz um amigo meu lá dos Algarves. Dengue é fogo! Pior que a malária....

Vou começar a publicar os vossos poemas. Lento... mas isso vai p'ra frente

Um abraço a todos

Maracujá Maduro....