Sunday, August 31, 2008

"ERA UMA VEZ UM AÇORIANO" de Mau Dick

ERA UMA VEZ UM ACORIANO
A QUEM SE CHAMA DE MADRUGA
NAVEGADOR DOS SETE COSTADOS
CARA VELHINA SEM VERRUGA

UM BELO DIA DECIDIU VISITAR TIMOR
E NUM BELO VELEIRO PARTIU
FEZ CHORAR AMIGOS QUE NAO TINHA
ATE O A.VERISSIMO SE RIO

VAI BEBER A AGUA DE COCO
POR MOSQUITOS SER PICADO
ABENCOADO PELOS BISPOS
E COMER BACALHAU, BEM REGADO

MAS QUE LINDA HISTORIA
QUE HA MUITO TEMPO NAO OUVIA
FEZ-ME ARREPIAR A PELE
E FEZ CANTAR A COTOVIA



UM ABRACO

MAU DICK

10 comments:

Anonymous said...

De Alexandre O'Neill

HA PALAVRAS QUE NOS BEIJAM

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Anonymous said...

A Pátria

De Olavo Bilac


Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!

Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...

Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!

Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!

Anonymous said...

Meio-Dia

De Olavo Bilac


Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se numa algazarra,
A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
Vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho!

Anonymous said...

Língua Portuguesa

De Olavo Bilac


Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho

Anonymous said...

Perdão

De João de Deus


Seria o beijo
Que te pedi,
Dize, a razão
(outra não vejo)
Por que perdi
Tanta afeição?
Fiz mal, confesso;
Mas esse excesso,
Se o cometi,
Foi por paixão,
Sim, por amor
De quem?... de ti!
Tu pensas, flor
Que a mulher basta
Que seja casta,
Unicamente?
Não basta tal:
Cumpre ser boa,
Ser indulgente.
Fiz-te algum mal?
Pois bem: perdoa!
É tão suave
Ao coração
Mesmo o perdão
De ofensa grave!
Se o alcançasse,
Se o conseguisse,
Quisera então
Beijar-te a mão,
Beijar-te a face...
Beijar? que disse!
(Que indiscrição...)
Perdão! perdão!

Anonymous said...

Miséria

De João de Deus


Era já noite cerrada,
Diz o filho: "Oh minha mãe,
Debaixo d'aquella arcada
Passava-se a noite bem!"

A cega, que todo o dia
Tinha levado a anadar,
A taes palavras do guia
Sentiu-se reanimar.

Mas saltam dois cães de gado,
Que eram como dois leões:
Tinha-os à porta o morgado
Para o guardar dos ladrões.

Tornam os pobres à estrada,
E aonde haviam de ir dar?
Ao palácio da tapada
Onde el-rei ia caçar.

À ceguinha meia morta
Torna o filho: "Oh minha mãe,
Ali no vão de uma porta
Passava-se a noite bem!"

- Se os cães deixarem... (diz ella,
A triste n'um riso amargo),
Com effeito a sentinela:
- "Quem vem lá?... Passe de largo!"

Então ceguinha e filhinho,
Vendo a sua esperança vã,
Deitaram-se no caminho
Até romper a manhã!...

Anonymous said...

Quando eu Morrer...


De Castro Alves


Quando eu morrer... não lancem meu cadáver
No fosso de um sombrio cemitério...
Odeio o mausoléu que espera o morto
Como o viajante desse hotel funéreo.

Corre nas veias negras desse mármore
Não sei que sangue vil de messalina,
A cova, num bocejo indiferente,
Abre ao primeiro o boca libertina.

Ei-la a nau do sepulcro — o cemitério...
Que povo estranho no porão profundo!
Emigrantes sombrios que se embarcam
Para as plagas sem fim do outro mundo.

Tem os fogos — errantes — por santelmo.
Tem por velame — os panos do sudário...
Por mastro — o vulto esguio do cipreste,
Por gaivotas — o mocho funerário...

Ali ninguém se firma a um braço amigo
Do inverno pelas lúgubres noitadas...
No tombadilho indiferentes chocam-se
E nas trevas esbarram-se as ossadas...

Como deve custar ao pobre morto
Ver as plagas da vida além perdidas,
Sem ver o branco fumo de seus lares
Levantar-se por entre as avenidas!...

Oh! perguntai aos frios esqueletos
Por que não têm o coração no peito...
E um deles vos dirá "Deixei-o há pouco
De minha amante no lascivo leito."

Outro: "Dei-o a meu pai". Outro: "Esqueci-o
Nas inocentes mãos de meu filhinho"...
...Meus amigos! Notai... bem como um pássaro
O coração do morto volta ao ninho!...

Celso Oliveira said...

SER TIMORENSE,
SER POETA
por: Celso Oliveira


Um papagaio caiu em cima do tecto da minha casa.
Era de manhã, no princípio do mês de Agosto.
Na Inglaterra, país onde eu vivo, escrevo e admiro.
Chuva??? Sim.
No verão de 2008.


Não sei se aconteceu, apenas, na minha imaginação...
O que é certo, é que a olhar para o papagaio, surgiu-me, então, outra ideia.
Foi assim:
“Quando eu comecei a aprender a língua portuguesa, nunca pensei
Que um dia iria escrever os meus poemas em Português”.


Hoje em dia, tenho orgulho em ser Timorense,em ser um poeta viajante.
Tenho que confessar a minha paixão pelo mundo literário
E revelar, também, a minha sensibilidade pelo mundo que me rodeia.


É bom aprender a língua portuguesa.
É bom saber exprimir as nossas ideias na língua de Camões, Saramago, Lídia Jorge, Manuel Alegre e outros poetas e escritores portugueses.


O vento começou a soprar e levou com ele algumas das minhas ideias,
Enquanto eu permaneço no meu lugar, a olhar para fora.
Entrego todo o meu ser: o meu corpo e a minha mente, a quem queira ouvir- me
E juntar-se comigo, na busca do papagaio pendurado no tecto da minha casa.


O papagaio bonito, lindo de cor branca desapareceu da minha mente.
Mas a minha memória sobre o meu primeiro contacto com a língua portuguesa continua a permanecer.


Obrigado por ti
Obrigado por Timor

arachesostufo said...

tutti poeti.... complimenti da scorzè Padania

Anonymous said...

Allora tuti beni!
Gianni Morandi para tutti vida, cosa loca.

Um basso

Mau Dick de San Remo