Thursday, August 14, 2008

ªEra Uma Vez, no Meu Quartoª de Celso Oliveira

A minha vida é uma estrela. É uma estrada que indica o meu último destino. A minha vida é um barulho que vem “das conversas e dos gritos” dos meus próprios filhos, antes de irem dormir. A minha vida é um olhar sério para as letras que formam as frases da minha própria obra. Claro que me refiro à obra literária. A minha vida “sem mais sem menos” vai contar-vos tudo. Um dia, cantaremos, com certeza, a PAZ, a LIBERDADE, a JUSTIÇA e o PROGRESSO em Timor.

Agora, estou a dirigir-me para dentro dum quarto escuro. Lá fora, ainda é de dia. Vou reflectir sobre todo o meu ser. Vou ouvir todos os barulhos dos carros que passam à frente do meu quarto. Vou ouvir todas as conversas das pessoas que passam e as gargalhadas das crianças que gritam fora do meu quarto. E eu estou sozinho. A minha vida é um PROGRESSO.

Olhei para o espelho. Lá, encontrei um corpo e uma alma timorense. Lá, vi nos seus olhos, mas não disse nada. A minha terra é linda e rica, mas eu estou longe dela.

Parei de pensar, olhei para as frases, mas não senti nada. Tudo é vazio. Sem mim, de certeza que vocês não vão ler estas frases. Eu sou um de vocês que amam a PAZ e o PROGRESSO em Timor.

Continuo a estar no meu quarto escuro, mesmo que lá fora ainda seja dia. Os alarmes tocam, mesmo sem um perigo na minha porta, na minha casa, no meu bairro e mesmo dentro do meu coração.
Mas, pelo vistos, pelo silêncio que estou a sentir, parece que lá fora já não há mais sinal de vida. Isto significa que já é de noite. E eu continuo a escrever sobre o meu dom, o meu ser humano. E eu sou um de vocês, que amam a LIBERDADE.

Os barulhos, as conversas e os cânticos das crianças são lindos. As crianças têm todo o direito de ser crianças. Eles começam a dizer o alfabeto de Aa Bb Cc Dd Ee... até Zz.
Obrigado a ti, por estares sempre ao meu lado e por me apoiares no meu percurso literário.

* Celso Oliveira, poeta timorense

2 comments:

Anastácio Soberbo said...

Parabéns pelo Blogue.
É muito bonito, gosto do que leio e vejo.
Um abraço desde Portugal

Anonymous said...

Parabanes Celso. Cultiva a lingua de Camoes, uma das mais faladas no mundo.
Um abraco de Timor