Saturday, April 28, 2007
Oh! Liberdade! de Xanana Gusmao
Oh! Liberdade!
Se eu pudesse
pelas frias manhãs
acordar tiritando
fustigado pela ventania
que me abre a cortina do céu
e ver, do cimo dos meus montes,
o quadro roxo
de um perturbado nascer do sol
a leste de Timor
Se eu pudesse
pelos tórridos sóis
cavalgar embevecido
de encontro a mim mesmo
nas serenas planícies do capim
e sentir o cheiro de animais
bebendo das nascentes
que murmurariam no ar
lendas de Timor
Se eu pudesse
pelas tardes de calma
sentir o cansaço
da natureza sensual
espreguiçando-se no seu suor
e ouvir contar as canseiras
sob os risos
das crianças nuas e descalças
de todo o Timor
Se eu pudesse
ao entardecer das ondas
caminhar pela areia
entregue a mim mesmo
no enlevo molhado da brisa
e tocar a imensidão do mar
num sopro da alma
que permita meditar o futuro
da ilha de Timor
Se eu pudesse
ao cantar dos grilos
falar para a lua
pelas janelas da noite
e contar-lhe romances do povo
a união inviolável dos corpos
para criar filhos
e ensinar-lhes a crescer e a amar
a Pátria Timor!
Xanana Gusmão
Alexandre Gusmão nasceu em Manatuto quando o país estava sob o domínio português, filho de professores do ensino primário. Estudou num colégio jesuíta nos arredores de Díli. Depois de deixar o colégio com dezasseis anos, teve vários empregos não qualificados.
Em 1966 Gusmão passou a ter um emprego na administração pública que lhe permitiu continuar a estudar. Em 1968 Gusmão foi recrutado para o exército português onde serviu por três anos, chegando ao posto de cabo. Casou-se com Emília Baptista, de quem teve um filho e uma filha, Eugénio e Zenilda respectivamente. Divorciaram-se em 1999. Emília vive actualmente na Austrália.
Em 1971 completou o serviço militar e em 1974 envolveu-se na organização nacionalista encabeçada por José Ramos-Horta.
Nesse ano, na sequência da Revolução dos Cravos em Portugal, o Governador Mário Lemos Pires anunciou a intenção de dar autodeterminação a Timor Português. Os planos contemplavam a realização de eleições gerais para um Governo de transição e um referendo em 1978.
Durante 1975 houve conflitos entre duas facções rivais em Timor Português. Gusmão envolveu-se profundamente na facção da FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) e chegou mesmo a ser encarcerado pela facção rival, a UDT (União Democrática Timorense), em meados desse ano.
Tirando partido da desordem interna, e desejosa por absorver a Província, a Indonésia começou uma campanha de desestabilização, fazendo incursões no território a partir da parte ocidental da ilha de Timor.
Em fins de 1975, a FRETILIN ganhou o controlo de Timor Português e Gusmão foi libertado. Ocupou a posição de secretário de imprensa da FRETILIN. A 28 de Novembro de 1975, a FRETILIN declarou a independência de Timor Português como República Democrática de Timor-Leste e Gusmão foi responsável por filmar a cerimónia.
Nove dias depois a Indonésia invadiu Timor-Leste. Nesse momento, Gusmão estava a visitar uns amigos nos arredores de Díli e pôde observar a invasão das colinas. Nos dias seguintes buscou refúgio junto da família.
Depois da formação do "Governo Provisório de Timor-Leste" pela Indonésia, Gusmão envolveu-se totalmente nas actividades da resistência. Gusmão foi responsável pela organização da resistência, indo de aldeia em aldeia em busca de apoio popular e recrutas. Em meados da década de 1980 passa a ser o grande líder da resistência.
Durante o início da década de 1990, Gusmão envolveu-se na diplomacia e na utilização dos meios de comunicação, instrumento utilizado para alertar o mundo do massacre ocorrido no cemitério de Santa Cruz em 12 de Novembro de 1991. Gusmão foi entrevistado pelos media internacionais e chamou a atenção do mundo inteiro.
Com o seu alto perfil, Gusmão converte-se em objectivo principal do governo indonésio. Uma campanha para capturá-lo finalmente ocorre em Novembro de 1992. Em Novembro de 1992 foi preso, julgado e condenado a prisão perpétua pelo governo indonésio onde foi brutalmente violado pelo colega de cela. Foi-lhe negado o direito a se defender. A sua libertação, no entanto, ocorreria em fins de 1999 da prisão deCipinang em Jacarta. Durante o cativeiro foi visitado por representantes das Nações Unidas e altos dignitários como Nelson Mandela.
As eleições presidenciais em Abril de 2002, deram-lhe a vitória de forma retumbante, convertendo-o no primeiro presidente de Timor-Leste quando o país se tornou formalmente independente em 20 de Maio de 2002.
No início de 2007 anuncia que não é candidato à reeleição. Funda, com o objectivo de concorrer às eleições legislativas de 30 de Junho, um novo partido político cuja sigla é CNRT, a mesma que o antigo Conselho Nacional de Resistência Timorense, o que causa polémica.
Gusmão publicou uma autobiografia chamada Resistir é Vencer. Está casado actualmente com Kirsty Sword Gusmão, uma australiana que conheceu na prisão e de quem tem três filhos: Alexandre, Kay Olok e Daniel.
Prémios e homenagens
Em 1999, foi outorgado com o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento e em 2000 com o Prémio da Paz de Sydney pela sua "Coragem e Liderança para a Independência do povo de Timor-Leste".
No início de [[2007]] anuncia que não é candidato à reeleição. Funda, com o objectivo de concorrer às eleições legislativas de [[30 de Junho]], um novo partido político cuja sigla é CNRT, a mesma que o antigo Conselho Nacional de Resistência Timorense, o que causa polémica.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Minha Ilha ....de mar azul
aguas mansas de Bé Matan
Monte de Fatukama
Lá longe ...Ataúro
Da saudade!...
...que não murchou!
Ah! Saudades!
Saudades tenho !
Minha ilha ...mar azul
Meu sonho!
Sonha! Sonha Manecas!
Tua ilha....de mar azul!
Um abraço
Manecas (de Fatu Hada)
Post a Comment