Sunday, September 14, 2008

Minha pátria é minha língua, Mangueira meu grande amor.




Minha pátria é minha língua,
Mangueira meu grande amor.
Meu samba vai ao Lácio e colhe a última flor


OSVALDO MARTINS

SINOPSE:
A esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral, que deixou Lisboa em 9 de março de 1500, era a maior até então reunida para navegar no Atlântico. Não fez nenhuma escala até tocar a costa brasileira e era composta por 1500 tripulantes. Não se conhece, exatamente, os nomes das 13 embarcações.

Vencendo a fúria de ventos agitados,
Singrando “mares nunca dantes navegados”,
Lá vêm elas - tão frágeis e tão belas -
Sorriso aberto em suas velas:
Dez naus, três caravelas.

Muitos séculos antes do Descobrimento do Brasil, o Império Romano havia conquistado vastos territórios da atual Europa. Não foi uma conquista apenas política e territorial – foi também cultural. Os exércitos romanos impuseram seu idioma – o Latim vulgar – que em cada região deu origem a uma língua diferente (Português, Francês, Espanhol, Italiano, Romeno, etc.). O Latim, por sua vez, tem origem no Lácio, uma região do centro da atual Itália onde surgiu Roma.



Trazem a bordo um rico tesouro
Que não é prata nem é ouro.
É uma herança, uma bonança
Mais valiosa que um palácio:
A última flor do Lácio.
“Inculta e bela”, como Bilac cantou
És meu pendão, meu refrão,
Pura e singela, és minha flor na lapela
Que o tempo enfim consagrou.

O Português é hoje o sexto idioma mais falado no mundo. É a língua oficial de oito países dos cinco Continentes: Portugal, Brasil, Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. São cerca de 250 milhões de falantes, a maioria no Brasil. O idioma de Camões tem palavras que não encontram tradução em outras línguas. Exemplos: luar e saudade.





Brota em meu peito uma forte emoção
Quando vejo um cenário de tanta beleza!
Deus, em sua Criação, fez questão
De mostrar sua mania de grandeza
Quando dotou o Brasil, sua grande paixão
- e disso eu tenho certeza -
Do idioma que fala ao pulsar do coração:
A nossa Língua Portuguesa!

Ao chegar ao Brasil, trazido pelos descobridores em 1500, o Português sofreu primeiro a influência das línguas faladas pelos indígenas que habitavam o litoral: o Tupi e o Tupinambá. Mais tarde, o Português foi enriquecido por palavras do Banto e do Iorubá, idiomas falados por escravos africanos. Essas contribuições formaram o Português “brasileiro”, uma língua mestiça em constante evolução. Mais recentemente, no século 19, o Português falado no Brasil incorporou também expressões trazidas por imigrantes de várias partes do mundo.

O idioma de Camões, Eça e Pessoa
Aos poucos se abrasileirou
Com a fala dos índios e seu cantar
Misturando o tupi e o tupinambá.
Depois o negro da nação iorubá
Botou “axé” e todo o seu encanto
E até o samba que também é africano
Ganhou a “ginga” que veio do banto.

As influências indígena e africana eram tão fortes que os próprios jesuítas portugueses usavam esses idiomas - conhecidos como a “língua geral” - em sua catequese. Até que, em 1758, o Marquês de Pombal decretou, proibiu outro falar no Brasil que não fosse o Português. No ano seguinte, expulsou os jesuítas do país. A vigilância portuguesa impôs a ferro e fogo o decreto de Pombal e, graças a ela, produziu-se o milagre de hoje um país de dimensões continentais como o Brasil ter um único idioma. A língua é o maior símbolo da identidade e da integração nacional do povo brasileiro.

Foi seu Pombal quem garantiu
No carnaval do meu Brasil
O samba de uma fala só.
Em verso prosa o povo inteiro
Canta alegre, em “brasileiro”
No frevo, no choro e no forró.

Além de grandes autores portugueses como Luiz de Camões, Padre Vieira, Eça de Queiroz e Fernando Pessoa, o nosso idioma tem no Brasil outros tantos luminares: os cariocas Machado de Assis (primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras) e Olavo Bilac, o alagoano de Quebrângulo Graciliano Ramos (Vidas Secas, Memórias do Cárcere), o mineiro de Itabira Carlos Drummond de Andrade (Brejo das Almas, José), o fluminense de Cantagalo Euclides da Cunha (Os Sertões) e muitos outros, considerados clássicos da língua portuguesa.



Hoje a Mangueira, toda airosa
Engalanada em verde e rosa
Canta o idioma que ressoa
Do Oiapoque ao Chuí
Lembra Eça, louva Pessoa,
Inventa um passo e num abraço
Traz Lisboa para a Sapucaí.

Nos grandes mestres fui buscar
O enredo do meu samba pra contar
A saga de um povo altaneiro
De vidas secas nos sertões
De muita luta nos grotões
Como pregava Antonio Conselheiro.

Grandes poetas brasileiros, como Vinícius de Moraes, Chico Buarque, Cartola, Caetano Veloso, Guilherme de Brito e tantos mais encontraram no samba uma forma superior de falar à alma do povo. A música brasileira difundiu o idioma e aproximou a “última flor” da gente simples que canta, e se encanta.

Minha pátria é minha língua
Minha pena é minha espada.
A paixão não morre à mingua
Se é pra ti, mulher amada,
Que nos versos magistrais
De Vinícius de Morais
Sobre o amor ele proclama:
É “infinito enquanto dure”, e
“Imortal posto que é chama”.

Os poetas de Mangueira
Também sabem que a paixão
É sua melhor parceira,
Sua grande inspiração.
Foi o amor à minha Escola
Num preito de pura emoção
E ternura em cada rima
Que inspirou Mestre Cartola
A compor essa obra-prima
Que é “Sala de Recepção”.

Ó, amada Língua Portuguesa, poética, infinita... Quantos milhares, milhões de escritores, poetas, romancistas, histórias, personagens tu ocultas que por mais que se procure mais existe a desvendar! Bem sei que não cabes inteira no meu samba, que é pequeno demais pra te homenagear. Tão bela tu és que tinha de ser teu o primeiro museu. Não há no mundo outro igual, nem mesmo em Portugal. O endereço é um só, aquele que nos conduz à velha Estação da Luz - teu templo, tua morada, onde podes, como mereces, ser adorada.

Eu sou de uma estação
A Estação Primeira
Que me ensinou uma lição
Durante minha vida inteira:
Só meu samba me conduz
E só Mangueira traduz
A paixão mais verdadeira.

Mas se quero ter certeza
Que a magia e a beleza
Da nossa Língua Portuguesa
É maior do que supus
Pego o trem na minha estrada
E na última parada
Desço na Estação da Luz.

Em tempo: Esta mensagem > Minha pátria é minha lingua, cuja criação e texto é de Osvaldo Martins

6 comments:

Anonymous said...

O Maracuja perdeu a cabeça. Forçå homem o blog está bom!

Gosto deste site é mesmo muito simpatico . Adorei o poema de Alexandre O'Neil

Manecas (de Fatuhada )

Anonymous said...

Olá, Maracujá, bom dia!
Fui procurar coisas do Timor, e encontrei esta homenagem ao Brasil. Fiquei emocionado.

Parabéns pelo seu blog.

Um dia lhe mendo um texto meu.

Gostaria de convidá-lo a visitar o meu blog:

www.leidaatracaoresultadospraticos.blogspot.com

Sua visita em muito me honrará.

Saudações brasileiras.
Em bom Portugues!

Wagner

Anonymous said...

Em tempo:

Cá deste lado do oceano estamos vendo várias "comemorações" sobre o aniversário de 200 anos da vinda da família real portuguesa, que se deu em 1808 ( lógico, né? rsrsrsrs).

Acabei de ver uma exposição de desenhos e escritos a respeito desta aventura da corte portuguesa. Aqui no Brasil nos ensinam desde criancinhas a desdenhar de Portugal, a fazer pouco caso da pátria mãe. Fazemos piadas o tempo todo sobre nossos colegas lusitanos ( e eles de nós..rsrsrsrs) Isto é um erro muito grande. Quanto mais leio sobre os feitos dos patrícios aqui na terrinha ao longo de nossa história, mais admiro os portugueses, sua determinação e conquistas. Se o Brasil é grande hoje, não só no espaço físico, o é somente graças às explorações do bravos bandeirantes portugueses, que se embrenharam nas matas e tomaram posse dos espaços. Fazer isto hoje, com todos os recursos de que dispomos, já envolveria muita coragem e risco, imagine fazer isso por volta dos anos de 1600, 1700... Segundo a tal exposição, a qual está montada num "Shopping Center" (ô desgraça! Como se a língua portuguesa não fosse suficientemente rica para descrever esta local de compras. Lí que estima-se em mais de 170 mil vocábulos o total de palavras na língua de Camões, muito embora no Brasil, um adulto de cultura média possa se comunicar e se fazer entender muito bem utilizando-se de cerca de 2000 palavras. Nossos maiores escritores dominam o significado de menos de 10000 palavras!) aqui na cidade de Campinas, que o nobre Rei D.Joao VI não tencionava ir embora de volta a Portugal, como o fêz em 1815. De qualquer forma, a estadia da família real no Brasil de 1808 a 1815 trouxe avanços notáveis em matéria de civilizar nosso país.

Abraços

Wagner

Anonymous said...

Oh Pa ! Maracujá:

Que lindo blog o seu ! Parabéns! Parabéns!
Timor sempre esteve presente em mim. Adorei ler os poemas dos Timorenses! Não sabia nada sobre este aspecto ! Apenas ouvia e lia sobre a politica maldita .

Parabéns para você e muito especialmente para os escritores e autores dos trabalhos aqui publicados . Que bom ! força.

Eliana

Anonymous said...

DIÁLOGU IDA IHA TINAN KLARAN
(Reflesaun Dadeersan nian)

Na’i, ha’u nu’udar de’it lápis oan ida, ne’ebé Ita-Boot book hodi hakerek Ita-Boot nia hanoin no sentimentu,

Na’i, ha’u nu’udar de’it flauta lolon oan ida, ne’ebé Ita-Boot huu hodi hamosu knananuk lalehan nian ne’ebé melodiozu,

Na’i, ha’u nu’udar de’it gitara ida, ne’ebé Ita-Boot fekit hodi haklaken lian sira, ne’ebé fanun klamar sira mak toba dukur namanas,

Na’i, ha’u nu’udar de’it pianu ida, ne’ebé Ita-Boot toka nia lolon sira, no ha’u fó sai lian sira ne’ebé aas iha kalan nakukun no hakmatek,

Na’i, ho liafuan badak, ha’u hakarak hatete katak, fó lisensa mai ha’u atu empresta liafuan Santu Fransisku Asisi nian,

“Halo ha’u-ata sai nu’udar instrumentru dame!”

iha mundu rai klaran
ne’ebé luan ida-ne’e

Na’i, ha’u hakarak halo tuir, no kumpri bebeik Ita-Boot nia hakarak
iha rai no iha lalehan.
Amen.
--
Juñu 2008

Abe Barreto Soares

Anonymous said...

UM POEMA PARA UM GRANDE AMIGO DE TIMOR LESTE, NESTA HORA TAO DELICADA.

TO OUR DEAR FRIEND WESLEY SMITH


When You're Not Here


When you are ill,
our sun goes under a cloud.
Your presence in our lives
is such a bright joy
that everything seems in shadow
when you're not here.
When you aren't feeling well,
we feel the lack
of your glowing energy
and contagious vitality.
When you are sick
we feel incomplete,
like a jigsaw puzzle
with a missing piece;
Please rest,
take good care of yourself,
and feel better.
We miss you
and want you back.


Get well soon.


By Joanna Fuchs


UM ABRACO

DO POVO AMIGO DE TIMOR LESTE
(ATRAVES DE UM SEU FILHO MAU DICK)