Naquela roça grande, não tem chuva,
é o suor do meu rosto, que rega as plantações;
Naquela roça grande tem café maduro e aquele vermelho-cereja,
são gotas do meu sangue, feitas seiva.
O café vai ser torrado,
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do contratado।
Negro da cor do contratado!
Perguntem às aves que cantam,
aos regatos de alegre serpentear
e ao vento forte do sertão:
Quem se levanta cedo? Quem vai à tonga?
Quem traz pela estrada longa,
a tipóia, ou o cacho de dendém?
Quem capina e em paga recebe desdém,
fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinquenta angolares
"porrada se refilares"?
Quem?
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
Quem?
Quem dá dinheiro para o patrão comprar,
máquinas, carros, senhoras
e cabeças de pretos para os motores?
Quem faz o branco prosperar,
ter barriga grande - ter dinheiro?
Quem?
E as aves que cantam,
os regatos de alegre serpentear
e o vento forte do sertão
responderão:
Monangambé...
Ah! Deixem-me ao menos subir às palmeiras,
Deixem-me beber maruvo, maruvo
e esquecer diluído, nas minhas bebedeiras
António Jacinto(Poemas, 1961)
Musicado e interpretado por Rui Mingas
Tuesday, January 29, 2008
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2 comments:
E O JULGAMENTO FINAL CHEGOU
ONDE TODOS NOS NAO ESCAPAMOS
O DITADOR TAMBEM NAO ESCAPOU
QUE VA PARAR AO INFERNO,ESPERAMOS
QUE PAGUE A FACTURA CORRESPONDENTE
PARA TANTO MAL E SANGUE DERRAMADO
QUE SINTA O CALOR DO PURGATORIO
O CALOR DE UM CABRITO ASSADO
UM ABRACO
MAU DICK
Interesting
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