Pareces-me perdida de mim. Vou desenhar-te um mapa.
Atravessa esse muro de silêncio. Observa, não é sólido.
Eu sei, agora ouves muitas vozes, muitos sons, mas concentra-te num só
O dos teus pés, esse caminhar rítmico da tua própria ânsia,
esse pulsar de paixão e saudade que te faz partir em primeiro lugar.
Para onde? Para o mar, como todos os rios,
até te diluires com o sal em todas as praias do mundo
e banhares a encostas da incerteza com uma maré
de sonhos aveludados anunciados por um anjo
de faces azuis e ondas em vez de sorrisos.
Quando perceberes que estás a voar aos círculos,
abrandarás, e morrerás na dúvida e na espiral que
te recolhe e embala... lentamente
para o sono abraçado da minha ausência
aceitando o fim e descansando na areia quente
da minha praia.
Estarás em casa.
Vá... não desanimes
tenta perceber
que o mundo
não é feito de peças que se encaixam
ou de mapas do tesouro
nem existe por ter uma razão de ser.
Ele é feito de pensamentos,
de vontade,
e de gestos constantes na ansiedade velada.
Mas não te enganei,
eu sempre vivi nos sonhos que semeio,
nas planícies desertas que estendo à minha volta,
nas formas das nuvens que vês deitada na relva,
no cheiro a humidade desse barro sinuoso que é a imaginação,
percorrendo com respostas a mão que escreve.
Eu vivo
dentro de ti.
O início será assumir,
o fim foi esquecimento.
"Vertigem”